Nos últimos tempos surgiu no mercado brasileiro um produto clareador para uso caseiro que pode ser comprado em supermercados e farmácias. Tal produto é disponibilizado na forma de fitas que devem ser adaptadas aos dentes e o seu uso é diário, por um determinado período de tempo.
Como profissional da área da Odontologia, me deparo com algumas questões e acredito que muitos destes questionamentos também devem ser feitos pelos pacientes: Ainda é necessário ir ao dentista para fazer o clareamento?
Todos, sem exceção, podem fazer clareamento dental? Os agentes clareadores são cosméticos, ou seja, devem ser vendidos em farmácias, supermercados, internet, etc. Um produto com custo significativamente menor é realmente tão eficaz quanto um tratamento realizado com indicação, planejamento e monitoramento profissional!?
Como especialista e professora na área da Dentística, ramo da odontologia que estuda diretamente todas as questões relacionadas a agentes e técnicas clareadoras, gostaria de esclarecer e discutir alguns pontos:
Primeiramente, nem todas as pessoas têm indicação para fazer o clareamento dental. Em alguns casos, o dentista avalia que o procedimento não é adequado para determinado paciente ou que há condições mais urgentes (cáries, gengivites, etc) que precisam ser tratadas antes do clareamento.
Nem sempre o paciente tem consciência destes problemas, uma vez que elas não são necessariamente acompanhados de sintomas, e somente um profissional qualificado é capaz de diagnosticá-los. A partir do momento em que é necessária uma avaliação para verificar a possibilidade ou não de se executar o procedimento, optar pela fita clareadora comprada em farmácias ou supermercados implicaria em ignorar a etapa de diagnóstico profissional, para indicação da técnica mais apropriada. Apenas um profissional graduado em Odontologia está apto a realizar esta avaliação.
O agente clareador existente no produto comercializado no Brasil (peróxido de hidrogênio a 10%, de acordo com as especificações do fabricante) é o mesmo utilizado na técnica do clareamento caseiro supervisionado. No entanto, o dentista poderá optar por outros tipos de agentes clareadores e diferentes concentrações. Além disso, na técnica do clareamento caseiro supervisionado pelo dentista este agente clareador é colocado em uma moldeira personalizada, ou seja, confeccionada após a moldagem das arcadas dentárias do paciente.
Dessa forma, é indiscutível a melhor acomodação do material, sem que haja extravasamento do mesmo para a gengiva, o que poderá provocar irritações. Além disso, haverá menor deglutição do produto, maior contato do mesmo com o esmalte dental e a possibilidade de aplicação em todos os dentes, o que não pode ser comparado à adaptação promovida pelas fitas clareadoras, que apresentam tamanho único para acomodação nos mais variados formatos e tamanhos nos dentes. As fitas clareadoras abrangem normalmente os dentes de canino a canino, ou seja, os seis dentes anteriores.
Os agentes clareadores têm como efeito adverso a sensibilidade dental durante o tratamento e esta sensibilidade varia de acordo com vários fatores que só um profissional qualificado poderá identificar para ajustar o tipo de técnica e a concentração do produto. É importante destacar que a ocorrência de extrema sensibilidade deve ser encarada com um alerta de agressão do agente clareador à polpa (tecido dentário responsável pela vascularização e inervação dentária).
Há ainda os casos de manchas mais severas que podem não responder aos agentes clareadores ou que demandem uma associação de técnicas de clareamento, para que tenhamos um resultado efetivo.
A literatura cientifica demonstra que as técnicas clareadoras são seguras e não promovem danos desde que sejam respeitadas questões como correta indicação e uso das mesmas. A autoaplicação sem supervisão profissional pode levar ao uso excessivo, pois se o produto é vendido livremente, uma pessoa desinformada poderá utilizá-lo rotineiramente.
Ainda que existam, de fato, estudos científicos avaliando a efetividade e a segurança do uso de fitas clareadoras, em todas estas pesquisas protocolos preliminares foram estabelecidos e o acompanhamento profissional foi imprescindível. A principal questão associada a toda essa discussão é: o que está em jogo não é a capacidade do produto em promover o clareamento, mas sim o risco da sua utilização sem a orientação e o acompanhamento profissional.
Esteja atento, o clareamento dental não é um procedimento cosmético, mas sim um procedimento da área da saúde. Consulte um dentista qualificado e tire todas as suas dúvidas.
O que são laminados “Lente de Contato”?
Atualmente, as facetas (recobrimento artificial da porção anterior dos dentes) confeccionada em cerâmica podem apresentar espessuras tão reduzidas (0,2 a 0,3mm) que passam a ser chamadas de “lentes de contato dentais” como uma analogia à espessura das lentes de contato oculares. A técnica demanda adequações ou no mínimo o desgastes do esmalte dental e corrige alterações sutis de forma e posicionamento, reabilitando ou harmonizando esteticamente o sorriso.
Os laminados “lente de contato”, quando comparados às facetas tradicionais e coroas totais (recobrimento artificial completo da porção dos dentes visível na boca), representam uma técnica que permite uma melhor conservação das estruturas dentárias. Todavia, há que se considerar que um pequeno preparo dental é requerido.
A técnica apresenta indicações bastante especificas: pessoas que apresentam espaços entre os dentes, superfícies do esmalte dentário com irregularidades, falta de volume dentário ou dentes com forma anatômica anômala. Adicionalmente, os dentes não devem apresentar alterações severas de cor e os pacientes não devem apresentar nenhum problema de oclusão ou disfunção da articulação têmporo-mandibular (ATM). Crianças e adolescentes também não devem ser submetidos à técnica, pois é preciso aguardar o término do crescimento facial.
Os laminados do tipo “lente de contato dental” têm grande capacidade de adesão ao dente, sendo fixados ao esmalte com o auxílio de um cimento resinoso. As pesquisas demonstram que, depois de fixadas, as facetas adquirem resistência ao desgaste parecida com a do esmalte dental, apresentando durabilidade aproximada de dez anos.
Esta durabilidade estimada pelas pesquisas poderá ser maior ou menor, dependendo de fatores como a correta indicação e execução clínica, além dos cuidados e hábitos do paciente. Pacientes que fumam ou têm o hábito de ingerir com muita frequência bebidas como café, vinho tinto e chás, dentre outras que contenham quantidade significativa de corante, precisam estar atentos, pois, apesar de a cerâmica apresentar estabilidade de cor, tanto o dente quanto o cimento que cola a faceta aos dentes estão sujeitos a alterações de cor com o passar do tempo.
Assim, considero a técnica efetiva e com excelentes resultados, desde que haja uma correta indicação, a qual é normalmente bastante específica e apresenta algumas restrições. Além disso, é importante considerar que, mesmo sendo uma técnica minimamente invasiva aos tecidos dentários sadios, é necessário algum tipo de adequação ou preparo do esmalte dental. Também há a possibilidade, a médio e longo prazo, de infiltração no cimento que é utilizado para a colagem das facetas. Outro fator a ser considerado é que a adesão ao esmalte é resistente e, se houver a necessidade de remoção do laminado, pode haver algum tipo de dano ao esmalte dental.
Consulte um especialista em dentística para que seja avaliado se há indicação para confecção dos laminados tipo “lentes de contato” e, em caso de indicação, que possam ser discutidos os prós e contras da técnica.
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